A população brasileira está envelhecendo. A expectativa de vida vem aumentando nas últimas décadas, assim como a taxa de natalidade vem diminuindo. O resultado dessa equação é um país mais idoso, que agora precisa lidar com questões relacionadas à longevidade.
Em relação aos países desenvolvidos, o Brasil está à frente no ritmo de envelhecimento e, em 2050, seremos o sexto país mais velho do mundo. Até 2060, um quarto da população terá mais de 65 anos.
Mas como o sistema de saúde brasileiro está lidando com essa tendência? Será possível controlar o aumento das doenças ligadas ao envelhecimento? É sobre isso que vamos falar hoje.
Como é o sistema de saúde no Brasil?
O sistema de saúde no Brasil é formado pelo SUS, um sistema único e público que atende todos os Estados e o único no mundo a oferecer atendimento integral e gratuito a qualquer cidadão.
Essa assistência contempla, inclusive, pacientes portadores do HIV, pacientes renais crônicos e com câncer, que são doenças mais complexas e que demandam tratamentos mais caros.
Desde a década de 90, o sistema vem trabalhando para aprimorar a estrutura de hospitais, clínicas, Unidades Básicas de Saúde (UBS), capacitação de profissionais da saúde, realização de exames, consultas, cirurgias, tratamentos e vacinação da população.
Tudo isso, sempre com vistas a descentralizar seu atendimento para fora dos grandes centros urbanos, visto que o Brasil é um país complexo e extenso.
Junto com o SUS, temos um braço de saúde privada, composto pelos planos de saúde e profissionais autônomos, o que mostra como o sistema público ainda precisa ser complementado.
Desafios do sistema de saúde em relação ao envelhecimento: Prevenção às doenças crônicas
Desde sua criação, o SUS tem um modelo centralizado nos hospitais, no atendimento emergencial, pronto-socorro e procedimentos cirúrgicos de urgência. Não podemos negar a importância disso.
Porém, quando se trata de uma população agora com maior faixa etária, o foco deve mudar e passar para o tratamento e a prevenção de doenças crônicas.
As doenças crônicas são aquelas que levam mais de três meses para serem tratadas, podendo durar toda a vida de uma pessoa. E são elas as doenças que mais matam no Brasil (e no mundo) atualmente.
Veja as principais doenças crônicas
- Colesterol alto
- Enfisema pulmonar ou bronquite crônica
- Hipertensão arterial
- Osteoporose
- Mal de Parkinson
- Doença de Alzheimer
- Asma
- Diabetes
- Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou Derrame cerebral
- Câncer
A estimativa é que 40% dos idosos tenham uma só doença crônica no Brasil e quase 30% tenham mais de uma. Isso significa que 70% da população idosa têm uma doença de longo prazo.
Mas como o sistema de saúde pode contribuir?
A grande questão aqui é que grande parte dessas doenças podem ser prevenidas com bons hábitos ao longo da vida. E por isso é preciso que o Governo incentive a população a se cuidar desde a infância.
Diante dessa situação, é extremamente importante que o sistema de saúde volte sua atenção para:
- Campanhas de prevenção, estimulando que a população se cuide melhor. Um exemplo seriam as campanhas contra o consumo de bebidas alcoólicas e antitabagismo.
- Alimentação saudável, com redução de colesterol, açúcar e sódio desde a infância.
- Estímulo à atividade física, com academias públicas, pistas de caminhada e infraestrutura para possibilitar que a população saia às ruas (como iluminação, policiamento, calçadas seguras e acessíveis e outros).
- Proporcionar exames de check up periódicos, para que haja detecção precoce das doenças. Na maioria dos casos, quanto antes descobrir uma enfermidade, maior será a chance de cura.
E como tem contribuído?
Ao longo dos anos, o Ministério da Saúde tem proposto políticas públicas para atenção ao idoso e às doenças crônicas. A instituição criou e disponibilizou materiais para conhecimento em relação à saúde da pessoa na terceira idade, como:
- A Caderneta da Saúde da Pessoa Idosa, uma publicação completa sobre como devem ser os cuidados com idosos, orientações em relação aos direitos dos idosos, prevenção de quedas, uso de medicamentos, alimentação saudável e outros;
- As Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: Proposta de modelo de atenção integral;
- A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, criada em 1999, para regulamentar o funcionamento das Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso e dar as diretrizes nacionais de assistência básica e cuidados;
- Publicação, em 2003, do Estatuto do Idoso, que garante atenção integral a essa população pelo SUS;
- Cartilhas de prevenção à violência contra idosos;
- Articulação com as pautas de Assistência Social para implantação das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).
- Em 2014, foi definida a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, vinculada ao SUS;
- Dentre muitas outras ações.
Tanto no âmbito federal, quanto nas secretarias municipais e estaduais, o governo tem cada vez mais se preocupado com as questões ligadas à saúde do idoso.
Mas a verdade é que o Brasil ainda precisa avançar muito nas políticas de prevenção e cuidado às doenças crônicas, para que esse cuidado seja de fato efetivo. Principalmente em se tratando da população mais vulnerável.
Cuidados particulares e em casa
Enquanto o sistema de saúde se aprimora para oferecer um atendimento integral aos idosos, é importante que cada um faça seu papel dentro de casa para minimizar os riscos ligados à idade.
É importante:
- Ter uma alimentação nutritiva e mais próxima do natural;
- Praticar exercícios físicos regularmente, sempre com o acompanhamento de um profissional para evitar lesões;
- Cuidar da socialização do idoso, com visitas da família e amigos e saídas de casa (quando possível, após a vacinação contra a Covid-19).
- Ter o apoio de um cuidador de idosos ou o monitoramento emergencial de idosos, para prevenir acidentes e garantir um socorro imediato logo que possível.
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